Como vimos no artigo anterior, a disbiose intestinal é uma das maiores causas de depressão que existe. Essa disfunção no intestino derruba a produção de serotonina e é esse hormônio o responsável pela sensação de bem-estar. Logo, sem ele, a depressão tem chance de se instalar. Ou seja, a depressão começa no intestino por uma reação farmo-química que se dá pela falta de serotonina.
Nesse artigo vamos falar de outro quadro também importante quando se fala de depressão: problemas hormonais.
Quando relacionamos a depressão a desequilíbrios hormonais, podemos dividir em três tipos de hormônio. O tiroidiano, o cortisol e a progesterona.
A tireoide age na função de órgãos importantes como o coração, rins, cérebro e fígado. Interfere no crescimento das crianças; no ciclo menstrual; no ganho ou perda de peso; na memória; no humor; no controle emocional, entre outros aspectos importantes tanto físicos, quanto emocionais. É fundamental que a tireoide esteja funcionando bem para garantir o equilíbrio e a harmonia do organismo.
Se a tiroide se desequilibra e produz menos hormônio, provoca o hipotireoidismo. Numa analogia simples, seria como dizer que o corpo está com menos combustível do que seria necessário para desenvolver todas as suas funções. Com “o tanque na reserva”, o organismo começa a funcionar mais devagar: o coração bate mais lento, o intestino fica preso, surge o cansaço excessivo, dores pelo corpo, sonolência ao longo do dia e depressão. É como se organismo, nesta situação, tentasse “parar o indivíduo”, já que não há “combustível” suficiente para mantê-lo “se movimentando”.
O outro hormônio importante que está relacionado a quadros depressivos é o cortisol. Ele é produzido pelas glândulas suprarrenais (que ficam logo acima dos rins) e tem ação importante na regulação do corpo. O cortisol está, também, diretamente ligado a questões emocionais. Se sua produção estiver em baixa, vários sintomas desagradáveis podem surgir como, por exemplo, cansaço logo pela manhã, ao acordar, mesmo tendo tido uma boa noite de sono. Também pode provocar a perda de energia, insônia, dores pelo corpo, perda do apetite e depressão. As altas doses de cortisol no organismo, liberadas em momentos de estresse e emergência, também podem oferecer riscos graves, como o infarto e hipertensão.
A progesterona é um hormônio feminino produzido nos ovários, desde a puberdade, e está presente durante todo o ciclo menstrual. Esse hormônio é muito importante no processo da gravidez, pois ele prepara e protege o útero durante a gestação.
A progesterona inibe o músculo uterino para que ele não se contraia e expulse o feto. Na última etapa da gestação, o estrogênio tende a aumentar mais que a progesterona, o que faz com que o útero consiga se contrair mais, para facilitar o parto. Nesse momento, a alteração hormonal, aliada a outros fatores da gestação, pode levar a mulher a um quadro de depressão pós-parto.
Isso ocorre, em grande parte, porque a progesterona e o estrógeno agem no sistema nervoso central e mexem diretamente com os neurotransmissores que estabelecem ligação entre os neurônios. Quando o nível desses hormônios cai drasticamente, na hora do parto, a “tristeza pós-parto” pode se instalar. Essa situação pode ser mais grave, chegando a uma depressão pós-parto.
Depressão pós-parto: quase tudo culpa dos hormônios
A gravidez e o nascimento de um filho são, geralmente, episódios de muita alegria na vida de uma mulher. Mas é mais comum do que se imagina um quadro bastante preocupante que se sucede a esses momentos. A depressão pós-parto atinge, de acordo com pesquisas científicas, de 10 a 20% das mulheres.
A alteração hormonal ajuda a explicar esse índice, considerado alto por especialistas. Imagine uma mulher em pós-parto. Ela está com o cortisol alterado, a tireoide debilitada e quase sem progesterona – porque ao dar luz ao bebê, ela eliminou todo esse hormônio. Ela tem a chance multiplicada de desenvolver uma depressão pós-parto. Afinal, o desequilíbrio na produção de apenas um desses hormônios já pode ser suficiente para levar à depressão. Imagine o que causa essa alteração se verificar nos três hormônios de uma única vez.
Essa tristeza pós-parto é, em grande parte, fisiológica. Entre 50 a 80% das mulheres vão apresentar algum tipo de melancolia ou irritabilidade após o parto. Mas isso, normalmente, passa depois de 10 ou 15 dias. Por isso é preciso ficar atento e saber identificar quando é algo mais sério, configurando a depressão pós parto. Esse transtorno começa algumas semanas depois do nascimento do bebê e chega a deixar a mulher incapacitada até de realizar tarefas simples do dia-a-dia
Além da deficiência hormonal, a depressão pós-parto tem outros fatores envolvidos, inclusive emocionais, sociais e familiares. Por isso, constatado esse quadro, uma alternativa importante é procurar ajuda, inclusive a psicoterapia. Saiba mais no texto “Depressão: reequilíbrio neuroquímico e psicoterapia são opções de tratamento“.