Dados da OMS – Organização Mundial da Saúde informam que mais de 300 milhões de pessoas sofram atualmente de depressão e cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano no mundo – sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Tratada no meio científico como epidemia, em estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de15,5%.
A depressão é resultado de interação de fatores sociais, psicológicos e biológicos bastante complexos. Pessoas que passaram por situações difíceis ao longo da vida, como luto, traumas psicológicos, violência, desemprego… são mais propensas a desenvolver depressão.
O desequilíbrio hormonal é outro fator importante diretamente ligado à depressão. Saiba mais clicando aqui.
Há relação entre a depressão e a saúde física; doenças cardiovasculares, por exemplo, podem levar à depressão e vice e versa, não se tem aí uma etiologia específica, uma vez que a complexa interação de fatores demonstra que condições físicas afetadas podem levar à depressão, tanto quanto, o funcionamento mental depressivo pode levar a disfunções físicas. A depressão é uma das doenças cobertas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio do Mental Health Gap Action Programme (mhGAP). O programa visa ajudar os países a aumentar os serviços prestados às pessoas com transtornos mentais, neurológicos e de uso de substâncias. A iniciativa defende que, com cuidados adequados, assistência psicossocial e medicação, dezenas de milhões de pessoas com transtornos mentais, incluindo depressão, poderiam começar a levar uma vida normal – mesmo quando os recursos são escassos.
Os principais sintomas da depressão:
- Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo parece vazio, o mundo é visto sem cores, sem matizes de alegria. Muitos se mostram mais apáticos do que tristes, referindo “sentimento de falta de sentimento”. Julgam-se um peso para os familiares e amigos, invocam a morte como forma de alívio para si e familiares. Fazem avaliação negativa acerca de si mesmos, do mundo e do futuro. Percebem as dificuldades como intransponíveis, tendo o desejo de por fim a um estado penoso. Os pensamentos suicidas variam desde o desejo de estar morto até planos detalhados de se matar. Esses pensamentos devem ser sistematicamente investigados;
- Retardo motor, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;
- Insônia ou sonolência. A insônia geralmente é intermediária ou terminal. A sonolência está mais associada à depressão chamada Atípica;
- Apetite: geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carbohidratos e doces;
- Redução do interesse sexual;
- Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.
Subtipos de Depressão:
- Distimia: É um quadro mais leve e crônico. As alterações estão presentes na maior parte do dia, todos os dias, por, no mínimo, dois anos. Podem ocorrer oscilações, mas prevalecem às queixas de cansaço e desânimo durante a maior parte do tempo. Geralmente, se mostram como pessoas excessivamente preocupadas, que apresentam um sentimento persistente de preocupação. As alterações de apetite, libido e psicomotoras não são frequentes, é mais comum sintomas como letargia e falta de prazer pelas coisas que antes eram prazerosas. Na maioria dos casos, se inicia na adolescência ou no princípio da idade adulta;
- Depressão endógena: Caracteriza-se pela predominância de sintomas como perda de interesse ou prazer em atividades normalmente agradáveis, piora pela manhã, falta de reatividade do humor, lentidão psicomotora, queixas de esquecimento, perda de apetite importante e perda de peso, muita desanimo e tristeza;
- Depressão Atípica: Apresenta uma inversão dos sintomas: aumento de apetite e/ou ganho de peso, dificuldade para conciliar o sono ou sonolência, sensação de corpo pesado, sensibilidade exagerada à rejeição, responde de forma negativa aos estímulos ambientais;
- Depressão sazonal: Caracteriza-se pelo início no outono/inverno e pela remissão na primavera, sendo incomum no verão. A prevalência é maior entre jovens que vivem em maiores latitudes. Os sintomas mais comuns são: apatia, diminuição da atividade, isolamento social, diminuição da libido, sonolência, aumento do apetite, “fissura” por carboidratos e ganho de peso. Para diagnóstico esses episódios devem se repetir por dois anos consecutivamente, sem quaisquer episódios não sazonais durante esse período;
- Depressão psicótica: É um quadro grave, caracterizado pela presença de delírios e alucinações. Os delírios são representados por ideias de pecado, doença incurável, pobreza e desastres iminentes. Pode apresentar alucinações auditivas;
- Depressão secundária: Caracterizada por síndromes depressivas associadas ou causadas por doenças médico-sistêmicas e/ou por medicamentos;
- Depressão Bipolar: A maioria dos pacientes bipolares inicia a doença com um episódio depressivo, enquanto mais precoce o início, maior a chance de que o indivíduo seja bipolar. História familiar de bipolaridade, de depressão maior, de abuso de substâncias, transtorno de ansiedade, são indícios de evolução bipolar (Fonte: Ministério da Saúde).
Tratamento: psicoterapia e medicação
A depressão é uma doença mental de elevada prevalência e é a mais associada ao suicídio, tende a ser crônica e recorrente, principalmente quando não tratada.
O tratamento necessariamente deve ser uma associação medicamentosa e psicoterápica. No primeiro caso, para equilíbrio neuroquímico, no segundo, para organização dos pensamentos e do comportamento.
A escolha do medicamento, após o diagnóstico, é feita com base no subtipo da depressão, nos antecedentes pessoais e familiares, na resposta a uma determinada classe de remédios já utilizada, na presença de doenças clínicas e nas características dos medicamentos. De 90 a 95% dos pacientes apresentam remissão total com o tratamento que associe medicação e psicoterapia.
“É de fundamental importância a adesão ao tratamento. Uma vez interrompido o tratamento por conta própria ou uso inadequado da medicação, pode acarretar desequilíbrio bioquímico e aumentar significativamente o risco de cronificação”, explica a psicóloga clínica, especialista em psicanálise, psicoterapia cognitivo-comportamental, hipnoterapia e Programação Neurolinguística, Vanessa Maranha.
Com base em sua experiência de mais de 24 anos no atendimento clínico, Vanessa afirma que “do ponto de vista psicoterápico, protocolos da terapia cognitivo-comportamental têm, em estudos randômicos, apresentado excelentes resultados terapêuticos tendo por linha de base ativação comportamental”.
A especialista explica que terapias integrativas como a Programação Neurolinguística e a hipnoterapia, ao trabalharem organização mental (mindset) e mudança de percepção da realidade, são também ferramentas coadjuvantes de grande eficácia na terapêutica da depressão. “Durante o tratamento que utiliza tais técnicas, acontecem novos aprendizados, reorientação, reestruturação de pensamentos, estabelecimento de metas para saída de condições de desesperança e suicidabilidade, recuperação e modificação para respostas mais saudáveis, bem como a ressignificação de memórias e/ou padrões”, disse.