Desde o desenvolvimento da homeopatia, há mais de 220 anos, essa ciência é utilizada como ferramenta terapêutica no controle de epidemias registradas em diversas partes do mundo.
O médico Samuel Hahnemann, que desenvolveu essa ciência, usou a beladona (Atropa belladonna – foto) preparada homeopaticamente no controle de uma epidemia de escarlatina, em 1799, e depois tratou uma epidemia de tifo. Em ambos os casos, obteve grande sucesso.
Desde então, a homeopatia tem sido utilizada de forma bem sucedida ao longo da história, como no tratamento de uma epidemia de cólera na Europa (1821-1834); e da gripe espanhola (1918). No Brasil, entre os primeiros registros do uso da homeopatia em epidemias está o controle da escarlatina, no Rio de Janeiro, em 1849.
A esse caso no país, seguem-se vários outros exemplos com ótimos resultados. Há registros como o tratamento para febre amarela, na Bahia, que foi chamada pelo povo de “vômito negro” (1850 a 1852); cólera, no Pará, Recife e Rio de Janeiro (1855); febre amarela, no Rio de Janeiro (1870, 1873, 1875 e 1877); peste bubônica, também no Rio de Janeiro (1900); varíola e tifo na Bahia (1918 e 1925) entre outros.
Em todos esses casos, os registros históricos mostram o excelente efeito da homeopatia em benefício da população, com importante redução da gravidade das doenças e do número de mortes.
Em 1974, a homeopatia foi usada também como forma de prevenção à meningite meningocócica, em Guaratinguetá (SP). Foram distribuídas 18.640 doses e a incidência da doença ficou entre as menores do Estado.
Em artigo produzido para a Abril, em 2017, sob o título A homeopatia funciona e pode ajudar contra doenças epidêmicas, a farmacêutica homeopata Amarilys de Toledo Cesar, doutora em Saúde Pública e então presidente da ABFH (Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas, faz importante passeio sobre o uso histórico da homeopatia no controle de epidemias.
A especialista conta que em 1918, 195 mil pessoas morreram nos Estados Unidos, vítimas da gripe espanhola. O quadro que ela retrata parece bem familiar ao que vivemos nos dias de hoje: “o medo, a tensão e a insegurança dominavam o cenário”. A farmacêutica revela que, segundo Sandra Perko, homeopata e autora de livros sobre homeopatia, médicos homeopatas tiveram sucesso no tratamento e redução de mortes naquela época.
Homeopatia nos dias de hoje
Trazendo para os dias atuais, Amarilys esclarece que a homeopatia continua desempenhando um papel importante em tratamentos de sérios problemas de saúde. Ela conta fatos recentes, como o ocorrido em 2011, quando houve uma grande enchente em Cuba, levando a um crescimento da leptospirose, doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira, presente na urina de ratos e de outros animais.
Um remédio produzido a partir dessa bactéria foi distribuído para a população e, em apenas 3 semanas, a incidência semanal de casos despencou de 30 para 3 a cada 100 mil habitantes. “Isso a um custo baixo, com rápida produção, sem a ocorrência de efeitos colaterais e com uma boa aceitação pela população. E sem necessidade de pagamento de royalties a outra empresa”, completa a farmacêutica.
Amarilys abordou, também, importante uso da homeopatia no Brasil. Ela começa lembrando que a ideia básica da homeopatia é a lei da semelhança, ou seja, uma substância que provoca sintomas em uma pessoa saudável pode ser usada para tratar os mesmos sintomas em uma pessoa doente. “Assim, a Eupatorium perfoliatum, uma planta americana, provoca em indivíduos saudáveis dores no corpo, nas costas, na cabeça e nas articulações, além de febre. Como dá pra notar, são sinais semelhantes aos de vítimas da dengue.
Segundo a lei da semelhança, explica, pode-se preparar um medicamento com Eupatorium para tratar os pacientes de dengue. No Brasil, isso foi feito em São José do Rio Preto (SP) e Macaé (RJ). Os moradores dessas cidades tomaram Eupatorium de maneira preventiva, sozinho ou em conjunto com outros remédios homeopáticos também adequados para a dengue, e foi registrado um número menor de casos nessas regiões.
O uso da homeopatia para o controle de epidemias se baseia no conceito de “gênio epidêmico” criado por Samuel Hahnemann. Segundo ele, para tratar uma epidemia, é necessário anotar os sintomas que apresentados por vários doentes. Depois, procura-se um medicamento homeopático que trate a maior parte desses sintomas. O remédio pode ser usado tanto para tratar os doentes como para evitar o surgimento dos mesmos sintomas. Ou seja, uma prevenção específica para aquela doença.
“É importante termos outras possibilidades para enfrentar novas doenças epidêmicas”
A farmacêutica Amarilys de Toledo Cesar conclui seu artigo com uma reflexão importante. “Atualmente, há vacinas para diversas doenças… Mas isso não invalida a possibilidade, que pode ser usada (a homeopatia como prevenção) quando não há proteção convencional específica, como ainda é o caso da dengue, zika e chikungunya. A terapêutica homeopática não é uma ameaça a ninguém. São raros os médicos homeopatas que contraindicam a vacinação convencional hoje em dia. Até porque as vacinas são úteis.
Mas é importante que tenhamos outras possibilidades para enfrentar, por exemplo, novas doenças epidêmicas, ou para pessoas que apresentem contraindicação à imunização convencional. A liberdade de escolha para um método terapêutico que é oficial em nosso país deve ser mantida”
Vantagens do uso da homeopatia no tratamento das epidemias
Artigo publicado no site do Conselho Regional de Farmácia, elenca vários motivos pelos quais a homeopatia também pode ser uma alternativa para tratar doenças como a dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Veja motivos pelos quais a homeopata Amarilys defende o uso da homeopatia como prevenção e tratamento das epidemias:
- Há indicativos teóricos e práticos de que a homeopatia pode tratar preventivamente ou clinicamente doenças epidêmicas;
- É acessível, tanto ao indivíduo, como aos governos;
- É aceita pela maioria da população, sendo eficaz e não tóxica nas doses recomendadas;
- O medicamento homeopático é fácil de administrar, sendo também por isto aceito inclusive por crianças;
- O medicamento homeopático não requer armazenamento especial, apenas não deve ser submetido ao excesso de calor e à proximidade de campos eletromagnéticos;
- A terapêutica homeopática não exige especificidade como é o caso de vacina, pois considera os sintomas da doença (e sabemos que dengue, zika e chikungunya têm diversos sintomas semelhantes), e não especificamente um vírus ou uma bactéria;
- A homeopatia pode ser usada preventivamente e no tratamento dos sintomas das epidemias para as quais não há vacina, nem tratamento específico, só sintomático;
- Outros países, como Cuba e Índia, países pobres, populosos e que buscam alternativas terapêuticas, têm utilizado a terapêutica homeopática para prevenir e tratar dengue e doenças semelhantes, com pesquisas e resultados positivos.