A agricultura urbana, um tipo de agricultura praticada dentro das cidades, grandes ou não, tem se tornado tendência como resposta aos grandes vazios urbanos (terrenos desocupados, ociosos ou subutilizados). Através das hortas urbanas, os terrenos, praças, condomínios e outros espaços públicos são utilizados para promoverem a socialização e o convívio de comunidades, além de, claro, produzirem alimentos saudáveis disponíveis para a população de seu entorno.
O plantio orgânico favorece a melhoria nos hábitos alimentares, o que traz benefícios diretos para o corpo. Além disso, quando são coletivas, possibilitam um maior convívio social e o envolvimento da comunidade numa causa, o que ajuda a amenizar as tensões do dia a dia promove um ambiente saudável, ocupando e transformando espaços ociosos.
O espaço da horta constitui ainda um instrumento pedagógico, para atividades de educação ambiental e de ações terapêuticas. Para além da saúde humana, a agricultura de base ecológica busca a sustentabilidade do meio mediante, a manutenção e a melhoria da fertilidade e da vida do solo, a partir da prática de um manejo adequado.
O engajamento ambiental também é importante e depende de uma postura de responsabilidade para com as futuras gerações, da compreensão de que os recursos naturais são finitos e de que a humanidade – e toda a vida no Planeta – não será viável, se não for garantida a capacidade de renovação desses recursos (fonte: cartilha Hortas Urbanas – Instituto Polis).
Respeito à sabedoria popular
Esse tipo de manejo deverá seguir um conjunto de técnicas adequadas a cada local, utilizar materiais disponíveis e atentar à maneira que cada um tem de cultivar. Desde que não se use produtos químicos ou nocivos às pessoas e ao ambiente, cada um pode desenvolver sua própria técnica, desde que se consiga colher produtos com qualidade. O que se busca na agricultura ecológica é maximizar o aproveitamento dos recursos disponíveis, incluindo a força de trabalho (leia mais abaixo).
Segundo a cartilha do Instituto Polis (Ong de formação de estudos de políticas sociais), a organização do grupo interessado em trabalhar com a horta é de extrema importância para o sucesso na produção. É preciso criar um espírito de colaboração, definindo responsabilidades, de acordo com as aptidões de cada um, seja no preparo do composto e do solo, seja no preparo das mudas (sementeira), como também na disponibilidade de fazer a rega entre outros fatores.
“O conhecimento que muitas pessoas possuem, pelo saber popular, sobre o ciclo da natureza (chuva, seca, época de plantio etc.) é um aspecto importante que deve ser incorporado no momento de planejar a horta e na realização do plantio”, diz na cartilha.
Mulheres engajadas se unem para criar hortas urbanas em Franca, interior de São Paulo
Na cidade de Franca, interior de São Paulo, um grupo de mulheres resolveu se unir para transformar a cara da cidade. Entre ações que envolvem educação de trânsito, igualdade racial e mutirões de limpeza e conscientização da população quanto aos problemas do lixo urbano, as participantes do núcleo Franca do Grupo Mulheres do Brasil, integrantes do Comitê Franca+Limpa, criaram em 2019 uma horta comunitária em um dos bairros da periferia da cidade.
Em parceria com a líder comunitária do bairro, Sandra Maria Israel, instalaram uma oficina de compostagem e uma oficina de horta orgânica no espaço em espaço destinado a trabalhos de envolvimento da criança com a conscientização sobre o meio ambiente, o chamado Protetores da Natureza. As crianças, orientadas por profissionais voluntários, como uma bióloga e um engenheiro agrônomo, aprenderam todo o processo de compostagem, trabalho da terra, plantio e colheita. Já fizeram, inclusive, a primeira colheita, que foi distribuída para as famílias do próprio bairro. “Ensinamos técnicas de agroflorestal e agroecologia, porque ter horta urbana e cultivar do modo convencional, não é ser sustentável. Mas quando usamos técnicas com aproveitamento de restos de madeira, de caule de bananeira, da grama que foi podada do próprio espaço, isso tudo minimiza o aparecimento de ervas daninhas, de plantas invasoras, melhora a saúde do solo, e com isso, eliminamos o uso de agroquímico. E esse é o intuito”, disse Juliana Silva, bióloga voluntária, uma das responsáveis pela implantação da horta.
Para a coordenadora do grupo Mulheres do Brasil, Eliane Sanches Querino, a prática da agricultura urbana como essa horta traz inúmeras vantagens para a população e para o meio ambiente. “Essa ação pode ajudar a reduzir desperdícios, evitar a poluição, ajudar na conscientização de se proteger o meio ambiente além de aproximar as pessoas de produtos naturais e medicinais”, disse Eliana. “Também é uma ótima alternativa para revitalizar espaços ociosos”, completa. Tanto é que agora os envolvidos vão expandir o projeto para uma escola da rede pública da cidade, que tem uma área não utilizada.
Manual para quem quer começar
Para quem quer saber mais e se unir com outras pessoas da comunidade para criar um projeto de horta urbana, a publicação elaborada para o projeto “Moradia Urbana com Tecnologia Social”, da Fundação Banco do Brasil, em parceria com o Instituto Pólis, pode ajudar. A cartilha Hortas Urbanas tem por objetivo ajudar na alimentação saudável das pessoas envolvidas, beneficiando o ambiente como um todo e favorecendo a relação da comunidade com o bairro e o seu entorno por meio do cultivo ecológico de alimentos e ervas medicinais em hortas, jardins, canteiros suspensos e outras possibilidades a depender da realidade local.
O manual tem três partes: preparação da horta, cultivo das hortaliças e, finalmente, modo de preparar os vegetais. Vale a pena conferir. Você pode acessá-lo clicando aqui.
Principais benefícios das hortas urbanas:
– Melhora a qualidade do ar – à noite a folhas fazem fotossíntese, liberando oxigênio
– Destino de resíduos orgânicos – os resíduos de alimentos e vegetais que causam problemas na logística de caminhões de lixo nas cidades, podem se transformar no melhor nutriente possível para uma horta, por meio do processo de compostagem
– Alternativa econômica – plantar uma horta própria é mais barato que comprar no mercado mercado
– Qualidade alimentar – os alimentos orgânicos são mais nutritivos e livres de pesticidas
– Promove-se uma maior biodiversidade – as plantas se relacionam entre si e com insetos, o que possibilita o desenvolvimento da fauna e flora local
– Promove a convivência entre usuários e vizinhos – a horta é um espaço público ideal para o encontro comunitário
Para uma horta mais saudável
Vale lembrar que os produtos Agro e Horta & Jardim da Homeopatia Brasil têm o certificado do IBD, sendo permitido seu uso na agricultura orgânica.