Conferência em Londres: trabalhos apresentados pela Homeopatia Brasil causaram impacto

Sumário

Para a Homeopatia Brasil fazer parte de um evento mundial de tamanha envergadura científica reflete todo seu empenho e dedicação à pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, com foco na saúde global.

Em junho de 2019, o HRI – Homeopathy Research Institute – realizou sua 4ª Conferência Internacional de Pesquisa. O evento que durou 4 dias ocorreu no coração de Londres, na Inglaterra, e contou com 352 delegados de 38 países. Entre os participantes estavam 75 pesquisadores e médicos que apresentaram as mais recentes pesquisas no campo da homeopatia, realizadas em 27 países diferentes. A Homeopatia Brasil marcou presença nesse evento, que foi o programa científico de mais alta qualidade realizado até então. A veterinária homeopata Dra. Talita Thomaz Nader apresentou dois importantes trabalhos de pesquisas realizados pela Homeopatia Brasil.

Um dos trabalhos foi referente ao uso de um complexo homeopático como auxiliar  no controle de carrapatos de propriedades de gado de leite. E o outro sobre a atividade antifúngica in vitro do óleo essencial de Aloysia polystachya em alta diluição frente Aspergillus flavus, um fungo comumente encontrado na castanha do Brasil, e que traz sérios prejuízos.

A Conferência tem o objetivo de promover o desenvolvimento científico da homeopatia e integrar a homeopatia de alta qualidade aos cuidados de saúde europeus. É uma rara oportunidade para os envolvidos em homeopatia em todo o mundo (pesquisadores, acadêmicos, profissionais e estudantes) para conhecer, trocar ideias e descobrir o que há de novo neste campo que se mostra em rápido desenvolvimento. Além da apresentação e da oportunidade de troca de conhecimentos, todos os trabalhos expostos foram posteriormente publicados pela Homeopathy, revista internacional voltada para publicações homeopáticas e referência no tema.

Agora, pouco mais de um ano depois da apresentação, a Dra. Talita faz um balanço do que significou a participação nesse evento e que benefícios a Conferência traz para a pesquisa homeopática. Confira:

Como foi participar de um congresso internacional desse porte? Qual sua sensação de estar lá, entre pesquisadores de diferentes partes do mundo?

Foi a primeira vez que participei de um evento desta magnitude, num dos países que mais valoriza a homeopatia, podendo ver e ouvir pessoalmente pessoas muito importantes do meio homeopático. Perceber como o mundo se dedica aos estudos homeopáticos e como nós, brasileiros, contribuímos para esta ciência, foi muito mais gratificante do que eu poderia imaginar.

Qual foi o principal foco desta conferência?

Nesta conferência havia duas vertentes bem exploradas: as pesquisas de base da terapêutica homeopática (temas relacionados a mecanismo de ação dos medicamentos homeopáticos, por exemplo) e modelos de sucesso de abordagens clínicas do mundo todo. Ou seja, informações aplicáveis que só engradecem a prática clínica.

Você disse que a Inglaterra valoriza a homeopatia. É possível apontar diferenças entre o uso da homeopatia lá e aqui no Brasil?

Na Europa, a homeopatia não se restringe apenas à prescrição médica, como ocorre no Brasil. Os chamados “práticos” têm um papel importantíssimo no suporte primário aos pacientes, incluindo atendimento e prescrição homeopática, de forma estruturada e em consonância com o sistema de saúde vigente, tornando a homeopatia mais facilmente acessada pela população. Já no Brasil, a prática clínica homeopática é restrita aos médicos especialistas, beneficiando, portanto, um número bem menor de pessoas. Por outro lado, na Europa, não há este modelo de farmácia de manipulação homeopática, como temos aqui. Os europeus têm acesso somente às homeopatias industrializadas, disponíveis em drogarias.

O que você observou de positivo de outras apresentações a que assistiu?

Foi muito interessante perceber o quanto a homeopatia tem sido estudada e pesquisada de forma séria e consistente, e que existem países que de fato fomentam e subsidiam a ciência homeopática. As informações científicas atuais enriqueceram as estratégias de prescrição na prática clínica.

Como foram recebidos os trabalhos que você apresentou?

Os resultados causaram um certo impacto, pois mundialmente a homeopatia populacional ainda não é muito explorada, enquanto aqui no Brasil, já se trabalha há algum tempo. Abrindo, portanto, uma possibilidade de os profissionais usarem a homeopatia com foco em uma população humana, estendendo o mesmo conceito para a produção animal e vegetal.

A partir de eventos desse tipo, há possibilidade de as pesquisas ganharem espaço ou receberem mais investimento? O que significa para a Homeopatia Brasil ter dois trabalhos apresentados numa conferência dessa importância?

Um evento como esse é totalmente voltado à comunidade científica, portanto, há uma troca muito grande entre os cientistas e instituições, gerando novas possibilidades de frentes de trabalho, parcerias e fomentos financeiros necessários para a sustentação e reconhecimento da homeopatia. Homeopatia Brasil participando de um evento mundial de tamanha envergadura reflete todo o empenho e dedicação à pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, com foco na saúde global, trazendo, portanto, reconhecimento e credibilidade dentro e fora da comunidade científica.

Com relação aos trabalhos que apresentou, em que lugares os testes foram realizados?

O resultado obtido no campo foi fruto de parceria com produtores rurais, e, o experimento in vitro, realizado em laboratório de universidade parceira.

No caso do trabalho sobre o uso do óleo essencial de Aloysia polystachya para combater o Aspergillus flavus na castanha-do-pará, os resultados mostram que o óleo “pode ser um recurso promissor no controle da contaminação pós-colheita de castanha-do-pará”. Diante de um resultado como esse, houve alguma mudança em função do uso desse óleo?

Este resultado obtido por experimentação in vitro é o primeiro passo para uma possível utilização em larga escala. Porém, para que isso ocorra, existe um passo a passo complexo que precisa ser cumprido. Vou citar algumas etapas importantes: experimentação em vivo, ou seja, com castanhas contaminadas; estruturação da cadeia produtiva do óleo essencial para que haja um manejo sustentável (e não exploratório) de extração; padronização de técnicas de utilização; análise de resíduos e tempo de ação, dentre outras exigências. O tempo de execução de todas essas etapas depende diretamente os investimentos e parcerias.

O outro trabalho apresentado, sobre o uso de complexo homeopático no controle de carrapatos do gado leiteiro, mostrou também resultados positivos  no que diz respeito ao controle da infestação de carrapatos. Quais os passos seguintes após um resultado como esse? Como fazer esse resultado chegar aos produtores?

A formulação utilizada no experimento pode ser indicada por um veterinário para uso nos animais, como descrita no estudo, ou ainda, pode sofrer alguma alteração de acordo com a necessidade. Em geral, o veterinário faz o papel de apresentar novas possibilidades terapêuticas, mas esta demanda também pode vir de um produtor.

Desde a obtenção e divulgação desses resultados, foi possível, por exemplo, perceber um maior o uso desse complexo homeopático?

O sucesso de um produtor depende dos resultados. Os produtores orgânicos ou em transição para este sistema já utilizam amplamente medicamentos homeopáticos. Em relação aos produtores convencionais, apresentar um bom resultado é a melhor forma de adesão a uma terapêutica.

Por essa razão, estes resultados facilitam de certa forma o uso da homeopatia, pois servem de base para uma prescrição para o controle de carrapatos.

Sobre os trabalhos apresentados pela Homeopatia Brasil

Para saber mais sobre os dois trabalhos apresentados pela Homeopatia Brasil leia em  https://www.hrilondon2019.org/wp-content/uploads/2019/06/HRI_London_Programme.pdf (páginas 86 e 87).

Colaboraram na realização das pesquisas: Alexandre Leonel, Camila Yamasita Henrique, Bianca Bertoni, Ana Maria Pereira, Márcia Mendes, Fábio Manhoso

Sobre o Homeopathy Research Institute

O Instituto de Pesquisa em Homeopatia é uma instituição de caridade internacional inovadora criada para atender à necessidade de pesquisa científica de alta qualidade em homeopatia.

O HRI dedica-se à avaliação da homeopatia, usando os métodos científicos mais rigorosos disponíveis e comunicando os resultados desse trabalho além dos círculos acadêmicos habituais. O HRI utiliza seus recursos e experiência para promover novos projetos e melhorar a qualidade da pesquisa que está sendo realizada em campo.

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