“Do Miasma ao Expossoma, Hahnemann sabia de tudo” – Parte III – Sicose – O segundo nível de intoxicação

Sumário

Esse texto é uma transcrição da live que o farmacêutico homeopata, Alexandre Leonel, fundador da Homeopatia Brasil, realizou em dezembro, pelo Instagram (@alexandreleonel).

A live surgiu a partir de dúvidas e questionamentos enviados por seus seguidores e alunos. O texto está dividido em 4 partes:

Parte I – Introdução – Os Miasmas de Hahnemann

Parte II – Psora – O nível mais perto da cura

Parte III – Sicose – O segundo nível de intoxicação (que leremos abaixo)

Parte IV – Luesi – O padrão destrutivo

Sicose – O segundo nível de intoxicação

A Sicose (segundo nível de intoxicação elencado por Hahnemann) é caracterizada não pela eliminação, não pela exacerbação das funções na tentativa de se livrar das toxinas, mas sim pelo acúmulo dessas toxinas no organismo.

É caracterizada pela estratégia do organismo de acumular isso num determinado tecido ou órgão.

Usando mais uma vez a metáfora da casa, dessa vez é como se a faxineira fizesse a limpeza e em vez de colocar o lixo pra fora, você diz para ela guardar num quartinho. Você diz que produziu tanto lixo, que não adianta por lá fora que o caminhão de lixo não vai levar.

Chegamos nesse segundo nível de intoxicação. Nesse segundo nível, o paciente está pior do que no primeiro. No primeiro, embora o organismo esteja se sacrificando, consumindo energia para liberar toxina, nesse segundo nível o processo de cura está reduzido, porque parte das toxinas não vão ser eliminadas e vão ser colocadas num lugar qualquer. Em qual lugar do organismo as toxinas serão depositadas vai depender das características do indivíduo.

Em determinado indivíduo vai depositar as toxinas na pele, em outro, no fígado, no pulmão, no cérebro… É como se colocasse o lixo embaixo do tapete.

Adoecimento mais profundo

Isso coloca o paciente num processo de adoecimento mais profundo. Ele tem que lidar com as toxinas circulantes e ainda criar uma adaptação para essas toxinas depositadas no organismo.

É como se você saísse para fazer a caminhada e depois de poucos passos descobrisse que tem uma pedra dentro do seu tênis. Você vai seguir a caminhada, vai parar e tirar a pedra, ou vai dar um jeitinho de acomodar a pedra ali?

Se você vai carregar essa toxina com você, pode ter certeza de que ela vai criar um desvio, um desgaste maior de energia para manter a função, manter a ordem de cada sistema.

Nesse nível de intoxicação, o paciente vai invariavelmente acumular líquido, vai produzir edema. Nesse nível você vai encontrar pessoas que se sentem inchadas; pessoas que, apesar de parecer que não comem muito, estão sempre acima do peso, fazendo esforço grande para livrar desses quilos a mais.

Na verdade, tudo isso que essa pessoa está relatando é o organismo acumulando líquido para diluir toxinas que não podem ser eliminadas.

A Sicose, do ponto de vista orgânico, começa a criar um desvio da função. Se na Psora tem uma exacerbação da função, na Sicose tem uma perturbação, uma alteração da função.

Esse acumular de toxinas nos tecidos vai gerar processos inflamatórios subclínicos ou crônicos, que é o que acontece com a maioria dos pacientes inflamados por acúmulo de toxinas.

Lipoma, a growth of fat tissue under human skin, cross-section view, 3D illustration

Toxinas emocionais

Fazendo de novo a interpretação dentro do que seria a Sicose no psiquismo, quando está em nível de Sicose, não tenho mais o paciente da Psora, que tem por acaso um prurido mental, uma agitação mental, ou um paciente com pensamentos repetitivos e até exaustão mental.

Na Sicose, esse paciente se aproxima de um quadro mais deprimido, com síndrome do pânico, com sensação de que não consegue fazer raciocínio para escolher nem a cor que vai usar, não consegue escolher o que comer. À medida em que ele se sente inseguro e preso nos seus pensamentos, essa Sicose, essa psicose vão aumentando.

Se olharmos hoje em dia, temos uma linha média na sociedade de nossos pacientes. De uma forma geral, eles estão muito sicotisados, eles estão presos em pensamentos sicóticos, repetitivos repetem erros, atitudes, comportamentos, de fato estão muito mais doentes do que o paciente da Psora.

Isso tem tudo a ver como o conceito de Expossoma. No conceito de Expossoma, os fatores internos – que são aqueles que são trazidos desde o aspecto genético, a formação da estrutura corporal, a idade e a fisiologia – também são influenciados por aquilo que os autores chamam de fatores externos gerais, como por exemplo, as condições socioeconômicas, os fatores sociodemográficos, o local onde o indivíduo mora ou trabalha.

Fatores externos

E é nesse aspecto dos fatores externos do Expossoma que a Sicose tem mais se manifestado nos nossos dias.

Muitas vezes nós temos indivíduos adoecidos do ponto de vista orgânico por acúmulo de toxinas e temos muitos pacientes adoecidos do ponto de vista psíquico, pelo excesso e pelo acúmulo de toxinas no nível sicótico. Adoecido por condições socioeconômicas, por fator socioambiental, por ambiente de trabalho, por ambiente familiar e essa doença psíquica repetidamente também tem cada vez mais se tornado comum no nosso dia a dia, tanto no nosso dia a dia de trabalho, quanto no nosso dia a dia social.

Muitas vezes, quando nós nos relacionamos com as pessoas e é provável que depois dessa live você vai olhar para as pessoas que você convive e vai falar “Esse indivíduo está no nível psórico”, “Esse indivíduo está no nível sicótico”, ou “Esse indivíduo está no nível luético”, que é o terceiro nível dos miasmas de Samuel Hahnemann, que veremos no próximo texto.

(Continua na parte IV)

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