Esse texto é uma transcrição da live que o farmacêutico homeopata, Alexandre Leonel, fundador da Homeopatia Brasil, realizou em dezembro, pelo Instagram (@alexandreleonel).
A live surgiu a partir de dúvidas e questionamentos enviados por seus seguidores e alunos. O texto está dividido em 4 partes.
Parte I – Introdução – Os Miasmas de Hahnemann
Parte II – Psora – O nível mais perto da cura
Parte III – Sicose – O segundo nível de intoxicação
Parte IV – Luético – O padrão destrutivo (que leremos abaixo)
Luese – O padrão destrutivo
No terceiro nível dos Miasmas de Samuel Hahnemann, conhecido por muitos autores e citado por muitos autores como o terreno sifilítico, eu prefiro usar o termo Luese, que é o termo que outros autores trabalham.
Nesse terreno, o paciente entrou no padrão destrutivo. Se mesmo com a tentativa de eliminar toxinas aumentando a força de eliminação, ou seja, fazendo uma hiperfunção das funções orgânicas naturais na tentativa de eliminar toxinas, e se mesmo acumulando toxinas em determinados tecidos, na tentativa de eliminar quando for possível, ainda assim o paciente continua exposto a essas toxinas, ele continua se intoxicando em níveis inadequados e indesejados.
Nessa situação, o organismo não tem muitas alternativas, a melhor alternativa é levar aquele sistema a uma falência, levar aquele sistema a uma lesão.
Então, agora, no nível Luético, tenho uma perda da função, uma destruição da função. E esse padrão destrutivo que o paciente chega acontece no nível orgânico e no nível psíquico.
É nesse terceiro nível do adoecimento miasmático de Samuel Hahnemann que nós encontramos as úlceras, que nós encontramos as lesões neurológicas importantes, que nós encontramos eventos cardíacos muitas vezes fatais para os pacientes, que nós encontramos doenças lesionais degenerativas das quais o paciente não consegue se livrar nunca.
Esse padrão destrutivo para o qual o paciente acaba caminhando por conta da sequência do acúmulo de toxinas, é o terceiro nível e o nível mais traumático que pode existir dentro de uma estrutura orgânica.
Dieta, exposição ambiental e estilo de vida
Para falar especificamente do padrão luético, para mostrar o problema que é essa questão do Expossoma na nossa vida, trago os fatores externos específicos que influenciam o Expossoma dos seres vivos.
Os autores destacam três fatores externos específicos. A dieta, a exposição ambiental e ocupacional e o estilo de vida. Então, se nós pegarmos as três doenças crônicas de Hahnemann e trouxermos para o pensamento moderno do Expossoma, de fato, nossa saúde, nossa condição de vida, nossa perspectiva de saúde e de vida daqui pra frente está diretamente relacionada a como e o quanto nós nos expomos a toxinas e o quanto damos conta de nos livrarmos dessas toxinas.
Toxinas emocionais
Na Luese, que é esse padrão destrutivo do ponto de vista orgânico, encontramos um psiquismo altamente destrutivo, um comportamento destrutivo, perverso consigo e com o outro.
É um comportamento destrutivo no sentido de não querer mais viver e na maioria das vezes nem sempre representa um ato traumático, mas muitas vezes leva o indivíduo a um comportamento depressivo agudo, e depois, crônico, que vai tirá-lo do trabalho do convívio familiar.
Por que não estamos conseguindo enfrentar o Covid 19?
Então, tanto a Psora, quanto a Sicose e a Luese são consequências do nosso Expossoma, do quanto estamos sendo expostos a toxinas e o quanto estamos preparados para nos livrarmos dessas toxinas.
Muitas vezes vocês (alunos e seguidores) me perguntam como faz pra resolver, como faz pra se proteger, pra agir em relação a Covid 19, se toma a vacina ou não…Eu digo sempre que a pergunta não é essa. Parece que a pergunta é “por que não estamos dando conta de enfrentar esse vírus?”
Por que a inteligência bioquímica, por que a inteligência da energia vital, enfim, por que a nossa capacidade de hormese não está sendo suficiente para se livrar da agressão desse vírus?
Por que que quando entramos em contato com essa toxina Corona Vírus, com esse agente externo que nos agride, temos tanta dificuldade de sair dessa situação?
Se você olhar para a história dessa doença vai perceber que há uma linha média das dificuldades. Em geral a linha média das dificuldades para se livrar do Corona está relacionada a nossa capacidade orgânica energética de se adaptar, de encontrar mecanismos, de se livrar do processo agudo generalizado, de se livrar das toxinas produzidas, do padrão destrutivo.
E por que essa dificuldade tem sido tão grande?
Porque já estamos saturados, não estamos mais na Psora.
Estamos mais longe do lugar de cura
Quando Hahnemann começou a trabalhar, ele observou que, naquela época, 2/3 dos pacientes dele estavam na Psora ou seja 2/3 dos pacientes estavam muito mais conectados em processos naturais de eliminação de toxina.
Se o paciente comia algo que não fazia bem, tinha uma diarreia se livrava daquilo e tudo bem. Se ele comia algo que dava azia, no outro dia não comia porque percebia que fazia mal pra ele e tudo bem. O paciente estava mais perto do lugar da cura. Hoje estamos mais distantes do nosso lugar de cura. Quando o paciente nos procura, esse paciente está longe do processo de cura dele, distante do que era a saúde verdadeira.
E por que isso aconteceu? Ele foi levado pra longe daquele lugar pela abordagem equivocada que adotamos do ponto de vista alopático.
Então, o paciente agora, ele é consequência da doença original, mas, também, consequência de tudo que foi feito para disfarçar, inibir a doença original.
Então, agora, ele trocou a azia pelo uso de um medicamento que disfarça esse sintoma. E ele continua no hábito de se alimentar de forma equivocada, mas aquela azia vai gerar toxinas que vão ficar acumuladas em algum lugar.
Ou seja, nós estamos muito distantes da Psora. Distantes do ponto original e do caminho mais curto de cura.
Caixa de ferramentas vazia
É por isso que esse desafio da Covid 19 tem sido tão grande. Ele chegou num momento em que estamos adoecidos num nível muito mais profundo do que imaginávamos. Achávamos que tínhamos saúde porque não sentíamos os sintomas das doenças que nós tínhamos.
Achávamos que tínhamos saúde porque vivíamos disfarçados, maquiados dos sintomas das doenças verdadeiras. Porque os medicamentos estavam maquiando esses sintomas.
No começo da Covid 19, o que mais escutávamos era: “os pacientes de risco são desta faixa etária e são os com comorbidades”. Essa palavra surgiu.
Ninguém antes dava bola pra comorbidade, a palavra nem era usada. O paciente tinha hipertensão, diabetes, insônia… isso não era considerado como comorbidade. Era considerado como coisas isoladas e estava tudo medicado.
O problema é que quando fomos desafiados pelo vírus na integridade da nossa capacidade de resposta, não encontramos na nossa caixa de ferramentas os itens necessários para lidar com o desafio. Isso aconteceu porque ela está desabastecida desses itens, as ferramentas foram sendo jogadas fora ao longo da vida, foram sendo negligenciadas.
Porque adoecemos
O termo Expossoma que traz pra nós essa discussão. Alguns autores tratam Expossoma como a “medida acumulativa de influências ambientais e repostas biológicas associadas, incluindo exposição ao ambiente, dieta, comportamento e processos endógenos ao longo da vida”.
Adoecemos pelo que entra de fora, e que nos faz mal, mas também pela nossa resposta biológica ao que entra de fora.
E essa resposta vai ser mais ou menos adequada quanto mais próximos estivermos da Psora, lugar fácil de se livrar da toxina, ambiente em que o organismo sabe exatamente o que fazer.
(Voltando à metáfora da faxineira) Se você mantém uma rotina e a faxineira faz a faxina correta ao longo do ano e o caminhão de lixo leva o lixo, de uma maneira mais adequada, você fica com a casa mais ou menos limpa para as festas de fim de ano. Mas se a faxineira vai 3 vezes por semana durante o ano todo e em cada dia você gera mais sujeira na casa e se o lixeiro deixou de passar e esse lixo fica acumulado na sua casa, é provável que você vai ter que fazer uma grande faxina para receber as visitas.
Nosso organismo se encaixa nessa metáfora na medida em que estamos ou não nos sujando e nos limpando e mais se temos ou não capacidade de fazer isso. Porque se não temos capacidade de fazer isso, nosso organismo vai adoecer, vai permanecer doente.
O desafio
Então, qual é a proposta, qual é o desafio? O desafio é: como vamos devolver o nosso organismo pro nível psórico? Como vamos fazer esse caminho de volta pro estado de saúde? Como vamos nos aproximar desse lugar em que fica fácil se curar?
Porque se continuarmos nos distanciando desse lugar de cura, cada dia mais vamos estar próximo do outro ponto, da doença letal, da morte e do fim.
Então precisamos nos manter mais perto da cura através dos cuidados e do respeito ao pensamento do Samuel Hahnemann
Existem várias abordagens e já tenho falado de algumas delas. Sou defensor das abordagens de desintoxicação. São importantes. Pratico detox e jejum intermitente e sinto em mim mesmo os resultados. A melhora da minha capacidade de trabalho, minha capacidade cognitiva, meu sono, todas minhas funções orgânicas e psíquicas melhoram quando eu alivio as pressões sobre o sistema, quando eu tiro o peso de cima da minha energia vital e deixo que ela busque a hormese, vá naturalmente buscante o caminho de cura.
Mas como vamos viver nesse mundo tóxico, nesse ambiente supercarregado de toxinas? Temos que continuar vivendo nesse mundo, não é possível viver numa bolha.
Então, a primeira saída é fazer boas escolhas do que vamos consumir como alimento, fazer boas escolhas de ambiente de trabalho, familiar, social… Todas essas escolhas vão impactar se vamos estar mais perto da Psora ou da Luese. Se vamos estar mais perto de simplesmente termos uma noite de insônia de preocupação e na noite seguinte dormirmos, porque durante o dia conseguimos elaborar a solução do problema, ou se vamos ter uma insônia luética de meses e até anos.
Boas escolhas
Então você quer ter uma insônia psórica ou luética? Não tem nada demais passar uma noite em claro, preocupado com um problema, procurando uma solução, isso é muito natural, isso é psórico. Não tem nada de errado, depois de uma aventura gastronômica, ter um desconforto qualquer por conta disso. Mas permita que seu organismo encontre a saída e fique tudo resolvido. Você quer ter uma gastralgia psórica ou uma gastralgia luética, disfarçada por um Omeprazol que você não sabe quais serão as consequências no futuro?
Vamos fazer escolha que nos aproxime mais da Psora. Que nos tire rapidamente da Sicose. Porque se me perguntar qual é a doença crônica que prevalece nesse momento vou dizer que é a Sicose. Doença que tem ocupado nossa mente com pensamentos repetitivos, com comportamentos psicóticos do ponto de vista orgânico e nosso organismo faz isso acumulando as toxinas.
Isso faz com que o intestino não funcione, porque a microbiota que está lá não é a microbiota certa. Faz com que nossa pressão arterial não tenha comportamento adequado porque muitos pacientes estão com a pressão regulada, mas estão medicados (maquiados), esse é um padrão psicótico.
Muitos de nós só estamos dormindo porque estamos tomando Rivotril, então é um sono Sicótico.
Geração de intoxicados
Se Hahnemann observou que 2/3 de seus pacientes estavam na Psora, hoje arrisco dizer que provavelmente 2/3 de nós estamos sicóticos e luéticos e apenas 1/3 na Psora.
E isso é assustador, porque não estamos falando que essas pessoas que estão na Sicose ou Luese têm 70 ou 80 anos de idade. Elas têm 3, 7, 14 anos de idade. Temos jovens com padrão de energia vital de uma pessoa de 80 anos de vida nesse ambiente tóxico.
Estamos produzindo uma geração de intoxicados, envenenados, desnutridos, uma geração de doentes literalmente por exposição a toxinas verdadeiras e toxinas psíquicas, comportamentais.
É preciso tomar uma atitude. Tecnologia, conhecimento e abordagens para reverter essa situação, existem. A única coisa que talvez não exista é a compreensão do que está acontecendo. E você não consegue solucionar um problema, sem identificá-lo.
Se você não identificar que o problema no momento se chama Expossoma, não vamos sair dessa situação. precisamos entender que o Expossoma é provavelmente a causa maior de todos os desajustes de adoecimento que estamos enfrentando. O Expossoma é muito maior do que imaginamos.
E esse tema deveria ser o tema do momento. (Eu sei que o tema do momento é a Covid e a vacina. Tudo certo. Tem que ser assim mesmo. Porque primeiro é fazer o que é preciso, necessário, urgente).
Mas não podemos perder essa oportunidade de discutir a totalidade da exposição humana às toxinas.
Perturbação da Energia Vital
Do mesmo jeito que comecei a live com a definição de Expossoma, quero terminar esse bate papo fazendo essa definição.
Quando vamos passar a olhar pra causa verdadeira das doenças que afligem a humanidade, os animais, as plantas? Os pets estão adoecidos das mesmas doenças que estamos adoecidos.
Na agricultura, você vai encontrar o mesmo adoecimento que encontramos na saúde humana. Existem culturas que estão adoecidas com doenças similares a Aids ao câncer, só que está na planta que produz laranja, mas ela está sem imunidade, ela está doente do mesmo jeito que seres humanos estão doentes.
Tudo isso eu não tenho dúvida é por conta do Expossoma, na verdade, é por conta do Miasma, é por conta da mesma coisa que Hahnemann falou em 1796. Estamos doentes porque estamos perturbando a energia vital, perturbando a capacidade da energia vital de manter a hormese.
Encerramento
Fica aqui minha mensagem pra um feliz 2021, que tenhamos muito mais condição de compreender o que precisa ser curado de fato, que tenhamos a sabedoria de entender que o sinal e o sintoma que o paciente traz pra nós não é só sintoma, não é a doença, a doença está em outro lugar; precisamos olhar pra isso e cuidar disso.
Que consigamos, em 2021, trabalhar de uma perspectiva diferente, com muito mais foco na saúde e menos foco na doença.