“Do Miasma ao Expossoma, Hahnemann sabia de tudo” – Parte I – Introdução – Os Miasmas de Hahnemann

Sumário

Esse texto é uma transcrição da live que o farmacêutico homeopata, Alexandre Leonel, fundador da Homeopatia Brasil, realizou em dezembro, pelo Instagram (@alexandreleonel).

A live surgiu a partir de dúvidas e questionamentos enviados por seus seguidores e alunos. O texto está dividido em 4 partes:

Parte I – Introdução – – Os Miasmas de Hahnemann (que leremos abaixo)

Parte II – Psora

Parte III – Sicose

Parte IV – Luético

INTRODUÇÃO

Nós havíamos combinado de atender à demanda que surgiu a respeito do tema Expossoma a partir da perspectiva de Samuel Hahnemann sobre os Miasmas.

Muitos já conhecem homeopatia, outros estão conhecendo a partir de agora, então, vou fazer um resgate histórico, lembrar que Samuel Hahnemann (abril de 1755/julho de 1843) era um médico formado pela faculdade de medicina clássica da Alemanha.

Quando terminou a faculdade, foi trabalhar como médico usando as ferramentas terapêuticas que existiam na época e usando os conceitos de saúde e doença que existiam naquele momento.  

Ao desenvolver os primeiros anos de trabalho profissional, ele se sente muito decepcionado com a atividade. Percebeu que os tratamentos terapêuticos que eram utilizados na época nem sempre davam os resultados esperados. Pelo contrário, muitas vezes davam diversos efeitos colaterais, reações adversas e isso o deixou muito contrariado.

A partir dessa dificuldade de praticar a medicina da época, Hahnemann se dedica a estudos e à tradução de livros e começa a entender muito do que estava acontecendo na época; conhece a história do Culen no tratamento da malária, através da utilização da Quina, e começa a desenvolver os medicamentos homeopáticos a partir do preparo dos medicamentos diluídos.

Os miasmas de Samuel Hahnemann

Estamos sendo testados

Estou resgatando isso, para localizarmos no período histórico de 1796. De lá até final de 2020, tem muita história, tem muita tecnologia, muito conhecimento nesse intervalo de tempo todo.

O que chama a atenção é que, no que considero a segunda fase de Hahnemann, quando ele publica doenças crônicas, o conceito de Miasma e o próprio conceito das doenças crônicas que ele propôs nas obras dele, se encaixa perfeitamente com o moderno conceito de Expossoma.

Entendo que nesse momento em que a humanidade atravessa um grande desafio, diante dessa condição do Corona Vírus, estamos sendo de novo testados dentro do conceito miasmático de Hahnemann e temos um conceito muito mais moderno que é o conceito do Expossoma.

O que que é Expossoma e de onde surgiu essa palavra?

O que que é Expossoma e de onde surgiu essa palavra?

As primeiras publicações sobre o termo Expossoma surgem por volta de 2005, a partir de estudos que são desenvolvidos especialmente nos Estados Unidos, associados a questões de epidemiologia no câncer.

É exatamente da discussão sobre de onde surgem tantos casos de câncer no mundo que se começam os estudos que levam à formação desse termo, dessa palavra Expossoma.

Vou ser literal para não fugir da definição da palavra: “Expossoma corresponde à totalidade das exposições humanas durante toda vida, desde o momento da concepção até a morte”. E é esse ponto, a linha que vai conduzir nossa conversa.

Toda exposição humana a qualquer substância, desde o momento da concepção até a morte, compõe isso que chamamos e que chamaremos cada vez mais de Expossoma.

É provável que Expossoma se transforme, inclusive, numa linha científica e um dia se transforme, inclusive, numa especialidade médica, na qual o profissional vai se especializar nessa capacidade de avaliar o quanto o adoecimento do paciente tem a ver com o quanto ele acumulou de influências ambientais e biológicas durante a vida dele.

Destaco essa história com relação ao Miasma, porque é exatamente essa a conexão que existe. Quando Hahnemann discutia Miasma, doenças crônicas ou modo reacional crônico, e publicou isso, ele não tinha as tecnologias que temos hoje.

Naquela época, não existia microscópio, não existia sequer o conceito de microrganismo, não existiam exames para detectar níveis de intoxicação, mas Hahnemann sabia, a partir da cuidadosa observação de seus pacientes, da história de vida deles, ele sabia que as doenças eram consequências deste viver, deste conjunto de contatos ao longo da vida.

Por isso que ele usa muito aquela frase “o verdadeiro artista da cura deve ouvir o relato da marcha do sofrimento do paciente”. É nesse momento que as coisas se conectam.  Um termo antigo, arcaico, negligenciado pela ciência moderna se encaixa perfeitamente num termo novo, arrojado, sofisticado como é o termo Expossoma.

Momento da concepção

E por que falo que desde o momento da concepção, por que devemos olhar com uma visão homeopática? Porque hoje em dia nós já sabemos, temos cientificamente comprovado, que bebês já nascem com uma carga de contaminação muito grande. Carga que foi recebida através dos hábitos alimentares, hábitos de vida e das próprias toxinas que a mãe já possui no corpo.

A gravidez não é uma doença, mas ela é, sim, um momento muito importante para duas vidas. Para a vida da mãe e para a vida do bebê. E na maioria das vezes, inevitavelmente, o bebê vai drenar muitas toxinas que estão no corpo da mãe, que são ingeridas pela mãe ou com as quais a mãe entra em contato. O bebê vai carrear para si mesmo essas toxinas e vai exteriorizar na forma de doença no futuro, às vezes logo após o parto, na infância, na adolescência ou na vida adulta. Então, precisamos olhar com muita atenção para isso.

Temos hoje a plena consciência de que a exposição aos níveis de toxinas está cada vez maior. Na homeopatia essa abordagem de como o organismo vai lidar com essas toxinas é classificada pelo menos em três grupos; são os chamados “Miasmas de Hahnemann”. São eles: Psora, Sicose e Luético.

(Continua nas partes II,III e IV)

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